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Xerolacer

29 de janeiro de 2019

Efeitos dos medicamentos na cavidade oral

Reações adversas aos medicamentos é um termo amplo que compreende vários problemas associados com o uso dos mesmos. Dentre eles incluem-se os efeitos colaterais, toxicidade, interações medicamentosas, interações medicamentos-fisiologia, interações medicamentos-testes laboratoriais e reações alérgicas. Existe um grande número de complicações sistêmicas e orais que a pessoa pode apresentar quando faz uso de medicamentos. A organização mundial da saúde (OMS) define reação adversa a medicamentos como sendo “qualquer resposta prejudicial ou indesejável e não intencional que ocorre com medicamentos em doses normalmente utilizadas no ser humano para profilaxia, diagnóstico e tratamento de doença ou para modificação de funções fisiológicas”. Não são consideradas reações adversas os efeitos que ocorrem após o uso acidental ou intencional de doses maiores que as habituais. Assim como no resto do organismo os efeitos secundários do uso dos medicamentos pode afetar a cavidade oral de várias formas, entretanto iremos descrever as situações mais comuns que podem acometer a boca quando se faz uso de certos medicamentos, essas manifestações clínicas e formas de apresentações, dependem do tipo de medicamento, da dose e das particularidades de cada indivíduo. A associação pode ser aguda e óbvia ou pode ocorrer tardiamente.  


Alteração no fluxo salivar e nas glândulas salivares

A boca seca (xerostomia) se caracteriza pela manifestação clínica da disfunção salivar, causando diversos problemas orais, como: rachaduras e descamação dos lábios, aumento do índice de cáries, doença periodontal e desgaste dos dentes. A mucosa da boca pode ter uma aparência pálida e corrugada. Em geral a língua é lisa e vermelha, pode-se perceber também alterações direta na fala, deglutição, mastigação e paladar. A xerostomia como um efeito secundário do uso de certos medicamentos é um problema comum relatado em 35% dos adultos mais idosos. Mais de 500 drogas foram relatadas como produtoras de xerostomia como efeito secundário, inclusive 63% dos 200 medicamentos mais frequentemente prescritos nos Estados Unidos. Os medicamentos mais relacionados com o desenvolvimento de secura bucal são: ansiolíticos, antidepressivos, anticonvulsivantes, relaxantes musculares, anti-hipertensivos e diuréticos.

De forma contrária, outras drogas podem estimular o fluxo salivar, produzindo o quadro clínico chamado de sialorréia, incontinência salivar ou ptialismo. Essa alteração é caracterizada pela presença de saliva além das margens dos lábios e pode ocorrer por um controle inadequado da musculatura bucal e facial em pacientes com disfunção da deglutição, anomalias neuromusculares e anatômicas.

 

Mudança na coloração da saliva

Mudança na coloração da saliva (saliva vermelha ou laranja), bem como outros fluidos corporais podem ser observados em pacientes tratados com clofazimina, rifampicina, levodopa e rifabutina.

 

Aumento gengival induzido por drogas

Os medicamentos mais relacionados com o processo do aumento gengival incluem os: anti-convulsivantes (fenitoína), bloqueadores do canal de cálcio (nifedipina) e imunossupressores (ciclosporina A). Entretanto nem todos usuários destes medicamentos desenvolverão o quadro. Fatores importantes para o seu desenvolvimento são: higiene oral insatisfatória, tempo de uso do medicamento, susceptibilidade individual, predisposição genética, capacidade de metabolização do medicamento e fatores hormonais.


Candidose oral

A cavidade oral mantém-se em equilíbrio devido a atividade competitiva por nutrientes e pela ação de fatores físico-químicos próprios do meio bucal, contudo, quando este equilíbrio microbiano natural é rompido, a candidose é uma das infecções que pode se manifestar. Os medicamentos que predispõem a sua manifestação o fazem por uma das seguintes vias: comprometimento do sistema imunológico, uso de antibióticos de amplo espectro por longo período, redução do fluxo salivar, corticóides, alterações do sistema gastrointestinal tratadas com omeprazol e alterações hormonais (contraceptivos orais). Outros fatores predisponentes são: tabagismo, presença de aparelhos dentários, próteses dentárias, extremos das idades, desnutrição, anemia, diabetes, alterações na função dos linfócitos (ex: infecção pelo HIV), leucemias, câncer e defeitos nas células de defesa.


Osteonecrose medicamentosa

Os bisfosfonatos são potentes inibidores da reabsorção óssea administrados a pessoas portadoras principalmente de osteoporose e disseminação óssea de neoplasias malignas. Usuários dessas medicações apresentam risco maior para o desenvolvimento de áreas de necrose e exposição óssea, dor e ulceração na mucosa da boca. Dentro dos grupos dos bisfosfonatos, três drogas apresentam risco maior: o ácido zolendrônico, pamidronato e o aledronato de sódio. O tempo de duração da terapia influencia o risco de desenvolvimento da osteonecrose.

 

Referências bibliográficas:

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